- Alô. Hoje eu descobri que não sou. Eu tento ser, me habilito, desfaço de-em-para você. Mas não sou. Nossa língua não é fantástica? Em inglês, o ser e estar não têm diferenciação. "Eu não sou", "Eu não estou" são exatamente a mesma coisa. Mas nós sabemos a diferença. Eu já estive, mas nunca fui. Ou talvez sempre tenha sido sem nunca estar. Independe da flexão do verbo, é um fato, e teu fato é falso perante o meu. E na tua devastidão falso-centrada, nos teus deslizes, na frieza dos teus pontos finais, eu deixei de ser. Ou me deixei estar. Ou simplesmente me deixei.
Venha, vamos conversar nos degraus da escada. Eu posso mostrar para você o peão que meu avô fez quando eu era menina. E nós poderemos conversar sobre coisas que não estão acontecendo de verdade. E depois podemos caminhar na grama do jardim... ah, desculpa. Eu não devia ter ligado.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
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