segunda-feira, 13 de outubro de 2008

- Alô. Eu sei que jurei me desfazer de tudo de você que ainda havia em mim, mas toda vez que te jogo fora você volta como um bumerangue. Tenho andado inerte, estado a deriva. Tropecei em incontáveis calçadas, despertei numerosos tumores, esfreguei conchas maiores do que podia suportar na esperança de te abafar, mas você surgia cada vez mais vivo, gritando a plenos pulmões que eu era incapaz de sublimar. Sou agora um esboço. Uma hipótese de planos mal-feitos que pareciam intocáveis e agora são fuligem. Eu me dilatei dentro desse estado e agora sou a névoa que recobre o sonho distante. Não existo em mim, mas abomino a nós.
Hoje me transfiguro em bactéria, e meu eu microorganismo entra em ti em ondas sonoras e te destrói, órgão por órgão, arrancando em pequenas parcelas o que ainda resta de teu coração e te deixando oco. Quando for um corpo inerte, inorgânico e automático, você vai ouvir um leve sussurro meu, que dirá "Eu espero que esse seja só o começo".
Meu coração sangra, e escorre em meus dedos que se apertam ao lembrar de seu falso descaso. Espero que você permaneça estático.

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