terça-feira, 24 de novembro de 2009

- Alô. Hoje descobri que essas ligações começam a desabar em cima de mim. Eu descobri-me a pessoa mais vil, sádica e cruel que posso ser, e é compulsório esse sentimento de negação interna. Eu não posso mais te ligar, mas continuo deixando o telefone tocar só para que você perceba meu número na sua agenda. Você tem os seus motivos, e eu já não tenho mais os meus, além da insegurança que me acompanha desde que senti o estava além da minha compreensão de vãs ideais desgastados pelos mesmos mecanismos obsoletos. Preciso me (re)compor. O equilíbrio é claro, mas meu ego gosta de te desequilibrar. E dói admitir, mas dói mais perceber que você aceita.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

- Alô. Hoje eu quase me perdi de ti. Por uma frase mal dita, por uma ação mal resolvida, por uma intro-missão fracassada, me desmembrei de propósitos tão estritamente reais, que quase me despedacei. Nossos caminhos se entrecortam. Houve uma outra ligação certa vez que me disse que não há amor sem obstáculos. Em épocas remotas, remontadas em palácios de areia, eu usei essa máxima como guia espiritual. Hoje percebo que é um fato irrefutável. E aqui estamos nós perdidos nessa lacuna, onde os mais variáveis parasitas nos interpõe, nos dilaceram, nos desviam, e é uma questão de desespero mútuo prosseguir. Porque não há amor sem perdas. Me foco. Te desestruturo, mas a tua base alicerçada é meu guia. Se me soltar eu me perco no vácuo. Eu passo por todo esse estímulo rebaixado, se você me seguir.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

- Alô. Sonhei comigo essa noite. Mim em ti. Sonhei com tua ausência-presente, com teus rumores, com tua respiração no meu ouvido. Sonhei com os nossos suspiros prolongados, teus olhares profundos, teus minutos de silêncio, nossa contemplação. Sonhei com o que não deveria estar entre nós. Com o incômodo de fantasmas que já deveriam ter sido dizimados pelo tempo. Sonhei sobre não-sonhos, sobre a realidade dura, estancada e escarrada, sobre como funciona a matemática do tempo. Como devemos nos portar em nós.
Não pertenço à classe dos dominantes-racionais. Mas também me desprendo dos sonhadores utópicos. Eu vago por entremeios que, indefinidos, se adequam ao que parece mais confortável, ou menos, diretamente proporcional a meu nível de auto-flagelo.